http://photos1.blogger.com/blogger/1866/2796/1600/eliseu%20vicente.jpg
A minha foto
Nome:
Localização: Coimbra, Portugal

CONTADOR DE HISTÓRIAS E HISTORIETAS E PETAS E TRETAS DE ENTRETER INSÓNIAS A GRANEL OU POR ATACADO

quarta-feira, 4 de outubro de 2006

NEM SEMPRE UMA AURÉOLA SIGNIFICA FELICIDADE SEM FIM

O perfume é outro. Outros, o vestir e o andar, quase como se levitasse sobre o quase natural balancear das ancas. E outra é a franca luminosidade do sorriso, ao jeito de aura envolvente, com direito a deixar um rasto de olhares deslumbrados à sua passagem. E até os dentes rebrilhantes, brancos, límpidos, no contraste perfeito com uma boca rubra e nem sonhada antes, aparentam outra vida no impacto daí resultante. Lembrando pétalas de flor à ordem do vento por cima de cardos eriçados de inveja em vez de espinhos.
O dia de hoje, para ela, terá um particular significado. Só que ninguém consegue calcular qual possa ser. E ela a ninguém o confessa. No jornal, do bichanar da redacção ao matraquilhar em contínuo da tipografia, toda a gente tem conhecimento da data de aniversário de toda a gente. Mas neste caso posto em pose, outro será o festim. Alguma efeméride pessoal? Alguma compra cujo garrote de prestações deixasse enfim de apertar os gorgomilos do equilíbrio em cada fim de mês? A potencial chegada de alguém com visita já anunciada e desesperada há um ror de anos? Uma daquelas notícias que o corpo, por vias recônditas, nunca transmite aos sentidos sem que um tremor se lhe observe?
Trágico foi que tivesse morrido, estrangulada por um doido à solta, sem antes se descobrir a causa primeira da assombrosa mutação no dia de hoje. E é dos livros que uma pétala de flor logo esmorece à mercê dos espinhos do esquecimento, ainda que ganhe outras cores, ao falar-se dela.
Perfume é que não.