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CONTADOR DE HISTÓRIAS E HISTORIETAS E PETAS E TRETAS DE ENTRETER INSÓNIAS A GRANEL OU POR ATACADO

segunda-feira, 8 de outubro de 2007

NEM SEMPRE DE JOELHOS NO CHÃO SE REZA AO CUME DOS CUMES

O beijo breve, talvez, mas inequívoco. Sobre os calcanhares e de frente um para o outro, estão os dois sentados no chão da sala, valendo-se do conforto da carpete, de mãos dadas. Se se quiserem deitar (não vão querer), bastará que se deixem cair para um dos lados, devagar, sem largar as mãos, e para tudo o que esteja em lance estarão prontos.
Ela, quase quarenta anos e ainda capaz de trepar paredes em busca do grito, com a tranquilidade intranquila de quem não sabe se quer mas quer e vai andando. E ele, nem trinta, um rapazito, sem saber onde sossegar os olhos para que os olhos o não traiam ao pintá-lo de escárnio ao rubro.
Como chegaram até aqui? E como é que daqui sairão? A qual deles cumprirá o gesto de acelerar ou deter o andamento das águas, em cujo reflexo se têm contemplado, hesitantes e cada vez menos firmes (não vão ceder) na não cedência à tentação que os envolve, os sacode, os amolece e enrija?
Quanto mais alta a tarde, lá fora, mais esta sombra apetece e escurece os olhos. E afinal quiseram, afinal cederam, afinal aí vão eles, em queda livre até aos antípodas ou mais abaixo um tanto. Quando lá chegarem, se chegarem lá…
“Dá tempo ao tempo, não fiques preocupado. A excitação em demasia, por vezes, funciona ao contrário”.