http://photos1.blogger.com/blogger/1866/2796/1600/eliseu%20vicente.jpg
A minha foto
Nome:
Localização: Coimbra, Portugal

CONTADOR DE HISTÓRIAS E HISTORIETAS E PETAS E TRETAS DE ENTRETER INSÓNIAS A GRANEL OU POR ATACADO

quarta-feira, 29 de novembro de 2006

QUE NEM DESAGUARELA DEPENDENTE DE ÁGUA SALOBRA

Talvez tão-somente o acaso de estranhas tonalidades obtidas sobre a menos audaciosa das paletas. Ou não mais que o azar de uma nódoa recorrente, ao impregnar, obstinada, o mesmo pano. Seja qual for a incidência do olhar de quem fareje e lhe persiga a história, sempre há-de subsistir, sobre esta mulher, a suspeição de que nela haverá culpas. Como se o nascer bela de formas e grácil de maneiras não fosse já culpa bastante de quem apenas ousou nascer. Ou como se amar e ser-se amada se tome por pecado a pagar com a morte de quem, nanja ela, a tamanha empresa se atreva.
Prendeu-se de amores, emprenhou e logo casou com o pai do cachopo a haver, e amantizou-se e fez outro, aperfilhado pelo marido oficial. Enviuvou e sem pruridos assumiu a mancebia ao ar livre, juntando-se com os dois órfãos a quem a um deles tiraria, se tanto assim lhe aprouvesse, a lutuosa condição por orfandade. E agora vê-se na iminência de de novo enviuvar e se ficar, ainda prendada e lépida no arrojo, na expectativa de que pelos ares lhe apareça e se lhe ofereça a silhueta de mais algum milhano ao ataque.
Haja então cebolas das bravas e haja quem as talhe e retalhe, que lágrimas não faltarão por aí. Também o pranto alimenta e recompõe, levando sal quanto baste.