http://photos1.blogger.com/blogger/1866/2796/1600/eliseu%20vicente.jpg
A minha foto
Nome:
Localização: Coimbra, Portugal

CONTADOR DE HISTÓRIAS E HISTORIETAS E PETAS E TRETAS DE ENTRETER INSÓNIAS A GRANEL OU POR ATACADO

terça-feira, 3 de abril de 2007

DA MENTIRA DE SE ESTAR VIVO ENTRE O NASCIMENTO E A MORTE

Olhou a janela aberta, sobre a esquerda, e através dela olhou a paisagem, hoje meio imprecisa por culpa da chuva. Nem o tempo se mostra inclinado a prestar-lhe a mínima ajuda, pois se sol houvesse, bem diferente seria a cor dos pensamentos e também diferente o conteúdo. Mesmo que ele nunca olhasse a janela aberta, sobre a esquerda, e através dela a imprecisão da paisagem por culpa da chuva. E nada brota do nada que o habita, qualquer que seja o grau de lucidez dos pensamentos, de maior ou menor colorido em função da incerteza de haver sol ou não, e com este teor ou outro sob igual dilema solar em maré de imprecisão.
Passaritos em ludíbrios namorisqueiros, uma ou duas folhas a cair em voo escasso até ao lamaçal das antecedentes, obras inacabadas por obra das ventanias bolsistas, sobreiros que o egoísmo ousou arrancar pela raíz, compressores a infernizar ouvidos o dia inteiro, um qualquer pormenor, perceptível ou tímido, a colher do acaso onde os olhos ajam como catapulta do restante. Mas onde estará ele, esse pormenor vadio, se há horas o persegue e nem uma pegada se lhe dá a ver?
Um copo de vinho, quando do bom, é um bom tónico. O pior é que, após o de arranque, virão um segundo e um terceiro, o que não só não facilita como complica e varre o que lhes falte varrer. Ainda assim, que se fique pelo menos com o prazer de apanhar uma piela à maneira antiga, para que a desvergonha de vomitar seja o pormenor perseguido, desde há horas, sem que uma pegada se lhe dê a ver.