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CONTADOR DE HISTÓRIAS E HISTORIETAS E PETAS E TRETAS DE ENTRETER INSÓNIAS A GRANEL OU POR ATACADO

domingo, 28 de janeiro de 2007

POR POR AÍ SE SOPRAR A TODO O PANO QUE UM ACIDENTE NUNCA VEM SÓ

A saga começara no autocarro. Com dois passageiros apenas, ela e uma velha em que já ninguém repara de frente, logo ele haveria de se instalar no assento ao seu lado. E tão ostensiva e descarada foi a abordagem em voo, que até o motorista deu pelo golpe e passou a controlá-los pelo retrovisor, prestando menos atenção ao volante que ao espelho. Aliás, toda a gente por aí resmói e especula, hoje, que em tal erro humano é que se encontra a causa principal da tragédia: o autocarro entrou em derrapagem sem razão evidente, vindo a despenhar-se do viaduto sobre a alameda de baixo, e eles casaram meses mais tarde, mal tiveram alta do hospital.
A senhora idosa escapou ilesa e também foi convidada para a boda, tendo por única obrigação empurrar a cadeira de rodas em que agora, como produto do tombo no vazio, se apresenta e trabalha o acidentado motorista, vendendo bilhetes na gare de embarque. E diz-se que estes dois, o bilheteiro e a velha, lá conseguirão enrolar-se uma vez por outra, consoante o turno em que o padrinho do nubente já despachado, a ser daqueles de sair de noite, esteja a trabalhar.
Quanto aos quarenta e um passageiros mortos, que seguiam, descuidados e sem qualquer culpa, noutro autocarro, sobre o qual se abateu o que então atravessava o viaduto da alameda de cima, nenhum deles teve tempo de ouvir contar a cena do assédio em marcha por cima deles. Nem terá sido convidado, pelo mesmo motivo, para assistir à cerimónia no civil.
Cerimónia muito simples, diga-se.