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CONTADOR DE HISTÓRIAS E HISTORIETAS E PETAS E TRETAS DE ENTRETER INSÓNIAS A GRANEL OU POR ATACADO

quinta-feira, 6 de março de 2008

DE OLHOS E OUVIDOS VESPERTINOS SOBRE A RELVA ONDE PASTAR É PRECISO

Mais Outono que Primavera, e ainda Inverno. Porque há diferenças, e não pequenas, entre ele e ela. Sente a pele. Sentem os olhos. Sentirão quantos sentidos se perguntarem, por maldade, que semelhanças. Eis um céu de inteiro azul, todo ele do chão acima, em toda a volta. Nem a mais fugitiva pétala de nuvem se lhe atreve, como excepção a ter-se de pé sem a regra-mãe. É que a tarde, a dobrar o meio, já tangível em decadência para as catacumbas da noite, abranda o sol e dá palavra a um vento estranho, eivado de fúnebres instintos. Pode ser que não vá adiante de ameaças senis, próprias da hora. E a hora é de ter atenção à caminhada através de baldios mentais. Assim, haverá conveniência em parar, escutar e olhar, e só depois, sem tropeções, correr o eterno risco de dar corda aos andantes, recorrendo a passagens de duvidosa viabilidade a qualquer hora. E a hora é também, ou de sobremaneira, de ouvir a árvore.
A árvore? É só um freixo, já velhote. Mais velho, decerto, que os mais velhos mortais condenados a viver até ao fim nas redondezas. Pejado de passaritos votados aos preparativos da deita, é possível apreender a melopeia daquela orquestra visceral a enorme lonjura. E um pouco por todo o mundo, à mesma hora, onde ainda houver pássaros, mais árvores como esta chamarão a si o direito a pronunciar-se, cantando, ralhando, bocejando. Ou, enquanto a luz do sol se disser pertença de todos, perdendo tempo a escrever histórias como esta, sem nenhuma história a contar.